Quando olho teus olhos arregalados
Não vejo as asas do anjo
Enxergo somente o veneno
De um vampiro amarelo.
Teus olhos esbugalhados
Vertem um sangue obsceno
E não vendo as asas do arcanjo
Só vejo o céu assombrado
No último solstício de inverno.
Teus olhos sempre injetados
Ardem mais que o fogo do inferno
Quando vejo teus olhos avermelhados
Vacilo se choro ou desespero.
Trazendo a noite sem bocas
Mordendo meu cemitério.
E teus olhos por vezes inchados
Parecem um velho mistério
De amor estranho entre anjos
Ou a dor cruel dos condenados
Teus olhos enregelados
Ateiam fogo nos meus arcanjos
E nos banjos do meu bolero.
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