FALANGE BEGE
Para Donne Pitalurgh
QUANDO VOCÊ ME ENCARA
COM ESSES OLHOS DE LOBO
MINHA ALMA COVARDE SE AGARRA
COM UNHAS E DENTES AO CORPO
QUANDO VOCÊ ME OLHA
COM OLHOS QUE TENS DE LOUCO
A MINHA BOCA ESCANCARA
COM CALMA LIBERO A ALMA
E O CORPO TREMENDO TODO.
DINA BRANDÃO
.
ca
be
ça
walter
franco
.
dia de estrelas
kléber albuquerque
elio camalle
A PAIXÃO É UM BARCO MORTAL
NUM TRIÂNGULO DE BERMUDAS.
A PAIXÃO TEM SUAS BERMUDAS
AJUSTADAS PARA QUAISQUER COXAS.
A PAIXÃO NÃO DEIXA MARCAS NOS SUSPENSÓRIOS
MAS MANCHA DE ROXO CALCINHAS E O CORAÇÃO.
O BARCA DA PAIXÃO, POR MORTAL QUE É
ESTÁ SEMPRE PRONTO A VIRAR,
MESMO O MAR ESTANDO CALMO.
A PAIXÃO É ROLETAR AS AMÍGDALAS
COM UM VELHO PUNHAL DE PLÁSTICO
QUE MEU AVÔ ME DEIXOU DE PRESENTE
ANTES DE MORRER.
A PAIXÃO É BESTA.
A PAIXÃO É BESTA E CAI NO UM SETE UM.
A PAIXÃO NÃO CONSEGUE PEGAR UM BONDE SOZINHA,
NECESSITA SEMPRE DE ALGUÉM PRA LHE CHUTAR OS PÉS.
MAS A PAIXÃO AMARRA UM BODE.
COMO OS LOBOS, ELA ANDA EM CÍRCULOS,
SÓ QUE NUNCA EM ALCATÉIA.
A PAIXÃO É FEIA QUANDO QUER ESTRANGULAR
A SI PRÓPRIA, BEM SABENDO QUE LHE FALTAM
MÃOS POTENTES, POR ISSO SE DESEMBELEZA,
FAZENDO CARETAS E ESGARES COMO QUEM ESTÁ NA
FORCA COM OS PÉS, POR POUCO, TOCANDO O CHÃO.
A PAIXÃO CONSTRÓI SONHOS.
TALVEZ ESSE SEJA O GRANDE BEM DA PAIXÃO;
VIVER DELES E NÃO DEIXAR O BARCO VIRAR
QUANDO O HORRICANE PARTE PARA CIMA DA BARCAÇA.
ELA NÃO É SIMPLES OLHAR DE LESMA, MAS UMA RISADA
DE HIENA NO MEIO DO ALMOÇO FARTO DOS HOMENS
DE CORAÇÕES MAUS. A PAIXÃO É UMA DROGA.
A PAIXÃO É UMA LOUCURA.
A PAIXÃO É UM TONEL DE ÁLCOOL 96 GRAUS.
POR ISSO EU ME ENCONTRO BÊBADO, DROGADO E
LOUCAMENTE APAIXONADO...
Quando acordo no meio da noite
E penso na minha amada
Vejo meu ciúme caído
Estuporado no chão.
Quando acordo
E não vejo a minha amada
Calangos invadem a casa
Fabricando desassossego e solidão.
A noite, gin tônica de ontem
Não escolhe quando vai debitar o prejuízo
E nem em qual coração.
A minha amada na noite
Deve dormir?
Deve estar acordada?
Envelheço sempre mais cedo
Antes do café da manhã
E no meio da noite,
Sargaços envolvem a minha amada
Envolvem na bruma e no nylon
Da anágua da madrugada
Querendo rasgar seu sutiã.
Quando acordo na noite
Sem minha amada
É que sei a quantos enganos
Meu coração me condenou.
.
SE VOCÊ ME OFERECE UM BEIJO
QUASE ESPERO UMA MORDIDA
SEU BONÉ É DE PELÚCIA
O MEU BONECO TEM BARBA.
COMPRASTES UMA FORD LINDA
COMPREI POUCA FORMICIDA
QUASE ME ENGASGO COM O PLÁSTICO.
SE VOCÊ ME DESFERE UM TAPA
SUJO DE BEIJOS SUA FACE
ESPERO VOCÊ NA SAÍDA
ESPERO VOCÊ TODA TARDE.
.
Não quero rasgar meu coração
Nas garras dos seus dentes
Mas quero me pulverizar
No camarim de sua boca.
Oh! Ana louca
A minha boca
Enlouquece sem você.
Não quero sangrar meu coração
Nas estacas dos seus dentes
Mas quero inventar
Uma canção em seus lábios.
Alfarrábios, astrolábios
Que nunca me guiarão.
Asas de aves
Astronaves
Que nunca me conduzirão
No caminho mais certo.
Só rumo à fúria barroca
Da sua boca, Ana louca
Da sua boca rouca
Que penetra as garras
Nas marras do meu coração
.
Quando olho teus olhos arregalados
Não vejo as asas do anjo
Enxergo somente o veneno
De um vampiro amarelo.
Teus olhos esbugalhados
Vertem um sangue obsceno
E não vendo as asas do arcanjo
Só vejo o céu assombrado
No último solstício de inverno.
Teus olhos sempre injetados
Ardem mais que o fogo do inferno
Quando vejo teus olhos avermelhados
Vacilo se choro ou desespero.
Trazendo a noite sem bocas
Mordendo meu cemitério.
E teus olhos por vezes inchados
Parecem um velho mistério
De amor estranho entre anjos
Ou a dor cruel dos condenados
Teus olhos enregelados
Ateiam fogo nos meus arcanjos
E nos banjos do meu bolero.
.
Ela lince parda e de salmoras
Coração feito a fecho-ecler e colchetes
Eu pálido de tremores
Vendo-a
E se não a mato eu morro
Entre o vacilo e o chiclete
Se corro
Amarga-me a língua
Ela pinga a goles poucos
Socorro: Só em última instância
Ânsia de descabelos
E as pernas de malabares
Pulsares tal o meu medo
Evocam tangos antigos
Passion, noche fria Y morte
.
. tantas palavras - correio...
. além do céu de brasília -...
. cidade
. cabeça
. A PAIXÃO